quarta-feira, 26 de outubro de 2011

The Lauras

Minha cabeça vai além da minha altura

E não é essa quarta feira amargura

Que vai tomar o meu espírito adverso

Nem fazer mais distante o universo.

Minha cara pode se partir em dois

Mas o meu não se mantém agora e depois.

E que bata em mim todo o vento do mundo

Que eu caia num inverno profundo.

Meu amor, a vida é bem maior que isso

Que seu olhar no corredor, sua falta de compromisso.

Me deixa em paz, vou me afogar em outro vermelho

Sonhar com o dia que não te conheci, pentelho.

Eu não tenho mais tempo, ele é que me tem

E não há ar que não me faça tão bem

Quanto lembrar a nostalgia

Da vida que eu nunca vivia.

Você pensa então que me conhece?

Que teu julgamento me aborrece?

A vida é bem maior que qualquer um de nós

Que seu pai, sua mãe ou seus avós

Quem eu quero tá bem longe desse lugar

De gente hipócrita e vulgar

Cuidando da própria natureza ou da sorte

Indo pro sul quando vocês apontam pro norte.

domingo, 23 de outubro de 2011

O verbo no infinitivo

Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne a a carne em amor; nascer

Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, e ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinitivo. . .
( Vinícius de Morais )